Unidade 3 – Tecnologias de Trabalho na Perspectiva da Vigilância em Saúde

A cartografia temática tem como objetivo “gerar a representação das informações geográficas referentes a um ou vários fenômenos”, sejam eles físicos ou sociais, de todo o planeta ou de uma parte dele, ajustada às referências físicas de uma base cartográfica. Como exemplos, podemos citar os mapas geológicos, de vegetação e climáticos (IBGE, 2021a).

Os mapas, de acordo com os objetivos, podem ser classificados em mapas gerais, especiais e temáticos. Os mapas gerais, como o próprio nome diz, contêm informações de aspecto geral, como altimetria (arte e ciência da medição de alturas ou de elevações, bem como a interpretação de seus resultados). Os mapas especiais são específicos e técnicos, atendendo a situações muito particulares, como as cartas náuticas e aeronáuticas. Já os mapas temáticos são construídos utilizando os mapas gerais como base e têm como objetivo principal a visualização de um determinado tema, sendo destinados a diversas áreas do conhecimento, com importante aplicação na Saúde Pública (BRASIL, 2006).

Os resultados mais usuais da utilização de um SIG são mapas que apresentem as informações de interesse ou o resultado de alguma análise espacial. A definição de quais as informações serão incorporadas ao SIG e em quais temas e planos de informação serão organizados deve ser de responsabilidade da equipe de implementação (técnicos, usuários e gestores), levando-se em consideração o objetivo do sistema e os tipos de análise e resultado esperados (BRASIL, 2006). Assim, para se ter um bom resultado, é fundamental o conhecimento preciso das características da base cartográfica de origem e das informações que serão associadas a essa base.

Os mapas temáticos podem ser qualitativos ou quantitativos. Os primeiros mostram categorias (qualidades), ou seja, mostram a distribuição espacial ou a localização de determinadas características da região mapeada. Nesse tipo de mapa não se pode determinar quantidades nem criar uma ordem hierárquica de classes, já que não existe nenhum valor numérico associado às diferentes categorias. Um exemplo é um mapa de uso dos solos, em que as classes podem ser: solo agrícola, floresta, solo urbano, entre outros. Os mapas quantitativos apresentam a distribuição de uma determinada variável, ou seja, mostram quanto de uma determinada variável está presente em uma área e são muito utilizados na área da Saúde.

Os mapas temáticos podem ter diferentes níveis de leitura: desde o mais elementar, em que o mapa é utilizado apenas para visualizar a localização de eventos, até o mais complexo, em que o mapa é utilizado para comparar e identificar tendências e padrões espaciais, ou ainda para determinar a associação espacial das informações representadas (BRASIL, 2006). Os mapas gerais e especiais são construídos por grandes equipes de profissionais especializados (engenheiros cartógrafos, topógrafos, técnicos de cartografia, entre outros); já os mapas temáticos normalmente são produto do trabalho de especialistas no tema a ser representado (BRASIL, 2006).

Na elaboração de mapas temáticos, as cores devem ser utilizadas com cautela, para não prejudicar a legibilidade. Não existe um consenso sobre o número máximo de cores ou de tons dentro de uma mesma cor que podem ser utilizadas na plotagem de um mapa. A percepção da cor depende do tamanho das áreas às quais as cores estão associadas, da complexidade do mapa e do contraste das cores (exemplo: o amarelo é mais bem visualizado sobre o fundo azul-escuro do que sobre um fundo branco).

Você deve estar se perguntando, então: quando e como usar as cores? A primeira questão é saber se queremos mostrar tipos diferentes de eventos ou diferenças de intensidade de um mesmo evento. Vejamos dois exemplos. Na Figura 9, estão representados a dinâmica de redução, a estabilização e o aumento do registro de casos (A) e óbitos (B) novos de COVID-19 na Região Centro-Oeste do Brasil, em uma dada Semana Epidemiológica.

Figura 9 - Representação da dinâmica de redução, estabilização e incremento do registro de casos (A) e óbitos (B) novos de COVID-19 na Região Centro-Oeste do Brasil, na Semana Epidemiológica 23
Brasil (2021).

Na Figura 9, optou-se pela adoção de um padrão de cores para representar três diferentes informações – verde para redução, branco para estabilização e laranja para incremento de registro, que foram usadas para duas variáveis distintas: casos novos e óbitos novos por COVID-19. Isso possibilita uma rápida avaliação dos mapas, de forma comparativa. Fica evidente a diferença no padrão de casos novos e óbitos novos por estado da região. Foi observada uma redução no número de casos novos no Mato Grosso do Sul (-7%), estabilização no Distrito Federal (+3%) e aumento no Mato Grosso (+15%) e Goiás (+15%). Quanto aos óbitos, foi observada redução no Distrito Federal (-13%) e Mato Grosso (-8%) e aumento no Mato Grosso do Sul (+11%) e em Goiás (+28%).

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