Programa Educacional em Vigilância e Cuidado em Saúde no Enfrentamento da COVID-19 e de outras Doenças Virais
Caro trabalhador estudante, há milhões de anos, quando existiam apenas animais mais primitivos, começaram a surgir os primeiros patógenos, que se aproveitavam das células desses animais, quer para obter alimentos, quer para se reproduzirem, beneficiando-se deles e deixando-os doentes. Assim, aqueles animais que tinham meios de impedir a entrada do patógeno ou cujas células foram capazes de identificá-los e eliminá-los sobreviveram, foram selecionados positivamente e deram origem a novas espécies com a mesma capacidade. Do mesmo modo, os patógenos que conseguiam entrar e sobreviver às células do hospedeiro também se reproduziram dando origem a novas espécies de patógenos, mais fortes. Pois é, com o passar dos anos, foi assim que se conformou o complexo sistema imune que a espécie humana tem hoje, assim como os diferentes patógenos (VENTURINI; ARRUDA; SARTORI, 2017).
Em animais mais primitivos, o sistema imune ainda é simples e inespecífico, ou seja, não é feito especialmente para agir contra um tipo de microrganismo, mas para agir em tudo que não é próprio do corpo. Ele é constituído por barreiras físicas, mecânicas, químicas e biológicas (Figura 2), mantidas também em animais mais complexos, que consistem na parte do nosso sistema denominada de “imunidade inata”. A seguir, apresentamos as diferentes barreiras que constituem essa forma de resposta (KAUR; SECORD, 2019).
Além das barreiras naturais, o organismo também conta com a ajuda de outros microrganismos. Nem todo microrganismo irá causar doença e muitos vivem dentro do organismo, compondo assim a microbiota. O intestino conta com bactérias e fungos que fazem parte desse órgão, auxiliam na digestão e absorção de nutrientes. Esses microrganismos também colaboram na proteção contra patógenos ao competir com os invasores por espaço e alimento, o que impede que se multipliquem. Ainda nas barreiras biológicas, o organismo possui células que atuam contra o microrganismo por meio de um processo denominado fagocitose. A fagocitose é o mecanismo pelo qual uma célula engloba uma partícula externa a ela, trazendo-a para dentro do citoplasma. Esse mecanismo pode ser utilizado por microrganismos unicelulares na alimentação, mas células do sistema imune utilizam a fagocitose para englobar o patógeno e matá-lo utilizando enzimas digestivas.
O sangue, por sua vez, possui um grupo de proteínas que atuam biologicamente como mecanismo da imunidade inata. Coletivamente, essas moléculas séricas são chamadas proteínas do sistema complemento. Elas ficam inativadas e, quando entram em contato com o microrganismo se tornam ativas e ativam também outras proteínas, e assim sucessivamente, o que é denominado ativação em cascata. Além disso, as proteínas do sistema complemento facilitam a fagocitose e amplificam a resposta inflamatória, o que será apresentado mais adiante (NETEA et al., 2019).