Programa Educacional em Vigilância e Cuidado em Saúde no Enfrentamento da COVID-19 e de outras Doenças Virais
O controle das infecções virais envolve o diagnóstico, o tratamento e medidas preventivas. Aqui, iremos focar no diagnóstico laboratorial das viroses, que inclui diversas técnicas que permitem o isolamento do vírus ou a identificação de componentes relacionados à infecção viral como a detecção de anticorpos específicos, antígenos virais ou ácidos nucleicos virais em amostras clínicas.
São técnicas laboratoriais combinadas que oferecem os melhores resultados. Para o isolamento são utilizadas linhagens celulares (HeLa, HEp2, entre outras) cultivadas com a amostra biológica em meio específico que favoreça a infecção viral das células e elimine fungos e bactérias. Essa cultura celular possibilita avaliar indícios de infecção viral por meio da presença do efeito citopático (alterações morfológicas nas células), presença dos corpúsculos de inclusão, produção de antígenos virais e adsorção de hemácias. Contudo, para a identificação precisa do vírus utiliza-se a reação em cadeia da polimerase (PCR, do inglês polymerase chain reaction). Apesar de esse método ser considerado o padrão-ouro de diversas doenças virais, é uma técnica que necessita de condições especiais de elevado grau de biossegurança, disponível apenas em poucos centros de pesquisas no Brasil (RETA et al., 2020).
É um dos testes de melhor acurácia no diagnóstico de infecção ativa. De modo geral, esse ensaio laboratorial permite a detecção, por meio de dezenas de ciclos de amplificação, do ácido nucleico-alvo. O PCR é o exemplo clássico da técnica de amplificação de um ácido nucleico-alvo, amplificando cerca de 100 a 1000 pares de bases. Consiste em ciclos de desnaturação, ligação do primer (pedaços curtos de DNA de fita simples que são projetados como um gabarito, de modo que se liguem à região genética de interesse) e extensão, cada um deles em temperaturas diferentes. Os ciclos sofrem a progressão por meio de um termociclador, que controla essas temperaturas. Com esses ciclos, ocorre a amplificação do gene-alvo de tal modo que o material genético do vírus possa ser visualizado. Diferentes técnicas de PCR têm sido estudadas, sendo exemplos as técnicas denominadas PCR em tempo real. Nelas, o produto viral é detectado no mesmo momento em que ocorre a reação de cadeia. A vantagem é não necessitar de métodos de detecção (eletroforese em gel), o que diminui o tempo necessário para a conclusão do teste. Além de possibilitar o diagnóstico da infecção viral, é possível determinar a carga viral da amostra biológica.
Esse conjunto de técnicas é útil para infecção aguda ou para verificar o estado imune dos pacientes a determinados vírus. É amplamente utilizado, permite identificar anticorpos das classes IgG e IgM no soro do indivíduo e também é usado para detecção de antígenos virais em diversos materiais biológicos. De modo geral, a detecção de anticorpos IgM no soro ocorre cerca de 2 a 3 semanas após o início da infecção, e a produção de anticorpos IgG ocorre a partir dos 15 dias da infecção. A presença de antígenos virais indica infecção ativa ou recente (VERONESI; FOCACCIA, 2021).