Programa Educacional em Vigilância e Cuidado em Saúde no Enfrentamento da COVID-19 e de outras Doenças Virais
Como visto anteriormente, na resposta imune adaptativa, na primeira vez que entramos em contato com um patógeno, a resposta é mais lenta e leva à formação de células de memória, assim, em novo contato, a resposta é mais rápida. Um exemplo natural é a doença viral catapora. A primeira vez que se entra em contato com o vírus causador da doença, o organismo tenta eliminá-lo; como o processo é lento, a doença se estabelece e os indivíduos adoecem. No entanto, numa segunda exposição ao vírus, as células de memória farão com que o tempo de resposta diminua e não mais se adoeça.
Na imunização por vacinas, o objetivo é fazer com que se crie resistência ao patógeno, o que evita a doença quando se entra em contato com ele. Na versão artificial de imunização, os microrganismos da vacina passam por processos para enfraquecer ou matar os patógenos, de maneira que não fiquem fortes o suficiente para causar doença, embora sejam reconhecidos e combatidos pelo sistema imune gerando as células de memória responsáveis por uma resposta mais rápida no próximo contato (Figura 5). Atualmente, há um repertório de vacinas que utilizam outras estratégias biotecnológicas para induzir imunidade, como peptídeos virais, RNA mensageiro e adenovírus como carreador de partículas virais. A COVID-19 é um exemplo em que diversas estratégias tecnológicas de vacinas têm sido utilizadas para o enfrentamento da pandemia (JEYANATHAN et al., 2020).
Quando o organismo não consegue combater o causador da doença e a vacina não é viável naquele contexto súbito de adoecimento, opta-se pelo uso de anticorpos já prontos contra o agente causador da doença. Esses anticorpos irão neutralizar rapidamente o patógeno e eliminá-lo; porém, não há produção de células de memória. Esse fenômeno é chamado de soroterapia e é temporário. Alguns exemplos do uso de soroterapia são os soros antirrábico, antiofídicos (contra picadas de cobra) e os anticorpos que o bebê recebe da mãe através da placenta e, após o nascimento, do leite materno, impedindo que o bebê tenha algumas doenças enquanto seu sistema imune ainda não está totalmente desenvolvido (VETTER et al., 2018).
Avançar