Programa Educacional em Vigilância e Cuidado em Saúde no Enfrentamento da Covid-19 e de outras Doenças Virais
Como foi mencionado previamente, os arbovírus são vírus transmitidos, principalmente, por artrópodes hematófagos. O processo se inicia quando a fêmea do inseto hematófago (e/ou o macho, como no caso dos carrapatos) realiza repasto sanguíneo em hospedeiro infectado virêmico. Após um período de incubação extrínseco, o vírus se replica em diferentes órgãos do vetor até alcançar as suas glândulas salivares. Posteriormente, o vírus é transmitido para um hospedeiro suscetível por meio de um novo repasto sanguíneo (Figura 4).
Nesse processo, o vírus encontra seis barreiras potenciais dentro do inseto vetor que podem limitar a infecção, replicação e transmissão do vírus do mosquito vetor para o hospedeiro suscetível e, consequentemente, sua competência vetorial (Figura 4).
Inicialmente, o vírus deve ser capaz de penetrar as células epiteliais e se replicar nelas. Os fatores que bloqueiam um desses dois eventos constituem uma barreira de infecção no intestino (em inglês, Midgut Infection Barrier ou MIB). Posteriormente, o vírus deve ser capaz de ultrapassar a lâmina basal que envolve o epitélio intestinal e infectar e se replicar nos tecidos vizinhos. Fatores que bloqueiam esses eventos impedem a disseminação da infecção nos tecidos, atuando como uma barreira de escape do intestino (em inglês, Midgut Escape Barrier ou MEB). Por último, o arbovírus deve infectar e se replicar nas glândulas salivares para a transmissão final na próxima picada. Fatores que impedem essa etapa constituem a barreira de transmissão (em inglês, Transmission Barrier ou TB) (Figura 4).
A fêmea do mosquito (seja do gênero Aedes, seja de outro gênero) precisa do sangue do hospedeiro para produzir os ovos, portanto apenas as fêmeas picam. Entretanto, tanto o macho quanto a fêmea se alimentam de substâncias com açúcar (néctar, seiva, entre outros).
Continuando os nossos estudos, vamos falar de forma mais detalhada das três famílias de arbovírus de importância na saúde pública no Brasil. Trata-se das famílias Flaviviridae, Togaviridae e Peribunyaviridae. As arboviroses geradas pelos vírus que fazem parte dessas famílias constituem doenças que, no Brasil e em outras regiões tropicais e subtropicais, têm potencial de dispersão, capacidade de adaptação a novos ambientes e hospedeiros e possibilidade de causar epidemias. Vamos começar falando da família Flaviviridae.
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