Programa Educacional em Vigilância e Cuidado em Saúde no Enfrentamento da COVID-19 e de outras Doenças Virais
O mosquito Aedes aegypti está presente atualmente na maioria dos municípios brasileiros, em muitos deles apresentando altos níveis de infestação nos períodos de temperaturas mais elevadas e chuvas. A possibilidade de transmissão dos arbovírus dengue, zika e chikungunya e o risco de urbanização da febre amarela tornam necessária sua vigilância rotineira e controle em determinadas situações.
A vigilância entomológica de Aedes aegypti compreende atividades realizadas para o monitoramento de sua presença e algumas características que descrevem aquela população de vetores, como em que níveis de infestação (quantidades) são encontrados na localidade monitorada, ou em que tipos de criadouro predominam.
O reconhecimento geográfico (RG) é imprescindível para o planejamento das atividades de vigilância entomológica e controle vetorial, uma vez que são identificados e numerados os quarteirões e imóveis, além de permitir a especificação dos imóveis por tipo. Deve estar sempre atualizado, o que é facilitado atualmente pela utilização de sistemas de geoprocessamento (GPS) de fácil acesso, inclusive por meio de aplicativos de telefones celulares.
A visita domiciliar pelo ACE e pelo supervisor é realizada para ações de educação em saúde e mobilização social, inspeção para busca e controle de criadouros por meio de tratamento mecânico, biológico ou químico, além de monitoramento da resistência aos inseticidas e vigilância entomológica por meio de armadilhas ou levantamentos. A visita e atividades realizadas devem ser registradas em formulários próprios.
Nos municípios em que Vigilância e Assistência em Saúde atuam de maneira integrada, os ACS devem vistoriar sistematicamente os domicílios e peridomicílios durante suas atividades de visita domiciliar, orientar os moradores sobre a eliminação de criadouros e, caso identifiquem criadouros de difícil acesso ou que necessite da utilização de larvicida, acionar um ACE de sua referência.
Os pontos estratégicos (PE) são locais em que há concentração de depósitos preferenciais para a oviposição da fêmea do Aedes aegypti, como cemitérios, borracharias, ferros-velhos, depósitos de sucata ou de materiais de construção, garagens para grande número de veículos, ou locais especialmente vulneráveis à introdução do vetor, como portos e aeroportos.
Diante do maior risco sanitário dos PE (Figura 23), as atividades de vigilância entomológica nesses locais devem ser realizadas quinzenalmente, com aplicação de larvicidas de maneira preventiva e com maior frequência (mensalmente ou sempre que detectada a presença de focos, segundo DNPCED), e com aplicação de adulticidas de ação residual a cada dois meses, de acordo com o período de residualidade do inseticida Fludora® Fusion (Nota Técnica Nº 5/2020-CGARB/DEIDT/SVS/MS) (BRASIL, 2020c).
A delimitação de foco é a pesquisa larvária e tratamento focal realizados nos imóveis a um raio de 300m de um foco encontrado em localidade não infestada, quando detectada a presença do vetor na vigilância entomológica de PE, armadilhas ou pesquisa vetorial especial (atendimento à denúncia da população sobre a presença de focos e/ou vetores adultos). A partir dessa pesquisa, abrem-se novos raios a cada foco detectado. Na persistência de focos, com a comprovação de domiciliação do vetor, o município passa a ser considerado infestado.